Era uma vez uma
princesa. Uma princesa muito bonita, que tinha muitos amigos e se divertia
muito. Gostava de ouvir música e
ler bastante. Vivia a sua vida de um jeitinho só dela, um dia após o outro, na
intensidade máxima da juventude. Esta princesa soube um dia, por um destes
acasos da vida, que não poderia ser mãe. E ficou um pouco chateda com isto. Mas
como levava sua vida um dia após o outro, achou
que não deveria gastar muita energia pensando no que não seria.
Um dia, uma
anjinha resolveu descer à Terra. Daí a Dona Cegonha disse: 'você não está
pronta, tem que esperar'. Mas ela queria muito, muito, muito, descer. Insistiu.
A Dona Cegonha continuou seu discurso: ' calma,não tem ninguém te chamando
ainda!' E saiu para fazer suas entregas.
Mal sabia a Dona
Cegonha que ali, junto com suas encomendas, a anjinha estava escondida, doida
para descer à Terra e curtir sua vida como menina. Quando aterrisarram e a Dona
Cegonha a viu ali, ficou sem saber o que fazer:
·
E
agora, menininha? O que vai ser de você?
·
Ah,
Dona Cegonha, vê alguém aí que me queira!
·
Muita
gente te quer, meu anjo, mas não estão te esperando...
·
Então
vê aí alguém que curta uma surpresa!
Dona Cegonha
pensou e pensou. A menininha ia chegar de surpresa e, por ter sido tão
apressadinha, ia chegar antes do tempo. Não bastava ser alguém que gostasse de
surpresas. Tinha que ser alguém paciente, forte, com coragem e determinação.
Lembrou-se da princesa. Disse para a menininha:
·
Olha,
tem uma princesa aí que não estava contando em ser mãe e que...
Não conseguiu
nem terminar a frase! A menininha, apressadinha que só ela, já foi logo dizendo:
·
Já
topei! Se ela é princesa, eu serei sua princesinha. Acertou em cheio, Dona
Cegonha, nasci para a nobreza!
E aí a Dona
Cegonha deixou a menininha ali na porta da princesa. A princesa, ao receber a
encomenda, levou um susto daqueles! Era o maior presente que já tinha ganhado
na vida, ficou muito feliz com a surpresa da Dona Cegonha, agradeceu muito.
Queria que sua filha se chamasse Luiza, porque este era um nome de princesa.
Mas achava que a menininha tinha cara de Taís. Decidida como sempre, logo
decretou:
·
Minha
princesinha querida, seu nome será Taís Luiza.
A menininha
adorou! Gostava de ser Taís e gostava de ser Luiza. Achava que ter dois nomes
assim tão bonitos era sinal de realeza mesmo.
A princesa e sua
princesinha logo se tornaram mais que mãe e filha. Tornaram-se amigas, grandes
companheiras. Onde a princesa ia, a princesinha ia atrás. Divertiam-se muito
juntas. A princesa era só felicidade, achava que sua vida não podia ser melhor!
Um belo dia,
aconteceu um novo imprevisto. Desta vez, não foi uma anjinha que quis descer.
Foi erro da Dona Cegonha mesmo! Eram tantas encomendas acumuladas, que a Dona
Cegonha pegou todas de uma vez e desceu à Terra. Saiu deixando os bebêzinhos
nas portas das mamães que os haviam encomendado. Entregou um por um, até que...
Um susto! Ela tinha trazido uma menininha a mais, por engano. Não era para a
menininha ter descido à Terra, era para ela ter esperado mais um bocadinho no
Céu. Mas ali estava ela, na Terra, sem ter para onde ir.
Dona Cegonha
pôs-se a pensar. E agora, quem ficará com esta menininha? Daí, de repente, Dona
Cegonha lembrou-se da princesinha Taís. E lembrou-se que era seu aniversário. E decidiu:
·
Escuta,
menininha. Eu te trouxe por engano. Mas tem aí uma princesa Anne que adorou
receber uma menininha por engano, e fez dela uma princesinha. Se você quiser,
eut e deixo lá também.
·
Eu
quero! - apressou-se em responder a menininha-. Vou curtir muito ser princesinha também!
Tudo pronto para
a festinha de aniversário da princesinha Taís Luiza, toca a campainha. A mamãe
correu para atender, imaginando que seria um presente para a Taís. Na porta,
uma menininha esperava com um recado da Dona Cegonha,
que dizia assim:
'Princesa Anne
Michelle, você gostou tanto de ganhar uma menininha que eu trouxe outra. É um
presente para você e sua princesinha, que agora já não fica mais sozinha!'
A princesa Anne
não podia acreditar na sua sorte! Ganhara mais uma princesinha, era muita
felicidade em um só castelo! Mais uma vez, ficou tão tão tão feliz que não
conseguiu decidir por um nome só. E a batizou:
·
Minha
pequena princesinha, seu nome será Maria Tereza, um nome forte para te dar
forças!
E funcionou! A
segunda menininha, tão apressadinha quanto a primeira, logo, logo estava enorme
e nem parecia ter chegado antes do tempo.
A vida ali,
naquele castelo, era um sonho. As princesinhas faziam tudo juntas, brincavam o
dia inteirinho. Tinham uma enorme coleção de bonecas e adoravam penteá-las e
dar-lhes banho. Um dia, acharam que ter boneca era legal, mas que talvez fosse
mais legal ainda ter um bonequinho. Como as duas conheciam bem a Dona Cegonha,
escreveram uma cartinha:
'Querida Dona
Cegonha,
A vida aqui está
danada de boa! Nós somos as princesinhas da casa, amamos muito uma à outra e
nós duas amamos demais a mamãe. Mas a gente estava pensando se você não podia
mandar um bonequinho prá gente. Está faltando uns carrinhos por aqui.
Beijos, das
princesas Taís Luiza e Maria Tereza.'
Dona Cegonha leu
a cartinha, olhou para a Terra. Viu que as princesinhas realmente se divertiam
muito juntas. Viu que ali naquele castelo tinha amor de sobra e que um
bonequinho seria bem-vindo. Daí a Dona Cegonha procurou e procurou e achou o bonequinho
perfeito para presentear as meninas. Colocou em sua sacola e tomou o rumo da
casa delas.
Só que a Dona
Cegonha caprichou demais! Caprichou tanto que deu uma confusãozinha lá no Céu.
Quando o bonequinho estava prontinho para ir para as irmãs, Papai do Ceú chamou
a Dona Cegonha de volta, pensando que o bonequinho era um anjinho.
Dona Cegonha
ficou bem chateada de não poder dar o boneqinhos que as princesinhas tinham
pedido. E resolveu reclamar com Papai do Céu.
·
Escuta,
Papai do Céu, eu não discordo de suas decisões, mas neste caso das
princesinhas...
·
Sim,
Dona Cegonha, o que tem?
·
Olha,
elas me pediram um bonequinho, e eu já ia levando quando o Senhor o chamou de
volta!
·
É
verdade!
·
Mas
então. Elas vão ficar danadas da vida comigo!
·
Não
vão, não.
·
Ah,
mas eu acho que vão, sim! Eu não entreguei o bonequinho que elas me pediram!
Não dei o presente que eu havia prometido.
·
Pois
você deu um presente muito melhor, Dona Cegonha!
·
Eu
dei?
·
Claro
que sim! As princesinhas já tem sua coleção de bonequinhas. Elas não precisavam
de um bonequinho. Elas precisavam de um anjinho, e foi isso que eu
providenciei. Agora, naquele castelo, além do amor que eles tem uns pelos
outros na Terra, tem um grande amor, aqui no Céu, que vai para eles. Um anjinho
muito especial, que sempre vai cuidar das princesinhas, as irmãzinhas que ele
não chegou a conhecer, mas ama muito. E é por conta deste amor que ele ficou
aqui. Para sempre proteger aquelas princesinhas...
E foi então que
a Dona Cegonha se deu conta que tinha mesmo dado um presentão para as
princesinhas. Elas eram uns amores, mas eram bem bagunceirinhas também! Era bom
que tivessem mesmo um anjinho tão especial, só para cuidar delas.
E assim foi que
o bonequinho virou anjinho, e as princesinhas não tiveram carrinhos...
Não tiveram?
Qual o que! A princesa Anne tratou de encher as duas princesinhas de ainda mais
amor e atenção, deu-lhes ainda mais bonecas e disse: 'se vocês quiserem brincar
de carrinhos, é só me pedir! Não precisam mais encomendar nada à Dona Cegonha!'
E assim foi que
aquele reino, que era para ser de uma princesa solitária, virou a vida de uma
princesa e suas duas princesinhas. Um reino mágico, onde tudo era amor e
carinho. Um reino lindo, todo cor-de-rosa, porque assim era para ser.
Do alto, Papai
do Céu vê as três princesas juntas e sorri feliz. Ao seu lado, o anjinho está
tranquilo. Tem feito um bom serviço em mandar cada vez mais amor às suas tão
amadas princesinhas...
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